domingo, 6 de janeiro de 2008

Viagem ao Deserto do Atacama - Dia 3 - De Presidência Roque Saenz Pena à Salta

De: Presidência Roque Saenz Pena - ARG
Para: Salta - ARG
Distância Percorrida: 670Km

Comentários: Saímos do hotel no dia 25/12 às 9hrs em direção à Salta. Sabíamos que este dia seria o primeiro de uma série de muitos em que nossas refeições principais seriam o café da manhã e a janta. Considerando que o café da manhã era sempre o mesmo (croissant, suco e pão torrado) podemos dizer que a principal refeição do dia seria sempre a janta. Durante o dia beliscávamos biscoitos, barras de cereais, frutas e bebíamos muita água pois o calor era infernal (sempre acima dos 35graus durante o dia). O chimarrão também era companhia constante.

Durante nossa viagem percorremos várias regiões da Argentina, as Missões (imediações de Posadas), o Chaco (imediações de Corrientes e Presidência Roque Saenz Pena) e o Noroeste (imediações de Salta, San Salvador de Jujuy). Destas regiões, com certeza o Chaco Argentino, excluindo-se Corrientes, Resistência e Saenz Pena é a região mais abandonada em termos de desenvolvimento. Dos 670Km de distância entre Saenz Pena e Salta pode-se dizer que 99% deste percurso é feito cruzando uma região quase deserta em termos de moradores. Para sorte dos viajantes pode-se dizer que o asfalto deste percurso está em boas condições, com excessão de um percurso de 60Km localizado 150Km depois de Saenz Pena e que estende-se até 100Km antes de Toco Pozo. Neste trecho apesar de conseguir-se desenvolver velocidades acima de 80Km/h existem trechos bastante esburacados e alguns de estrada de terra.

Este trecho de estrada pode ser considerado uma exceção na Argentina, país onde as estradas podem ser consideradas verdadeiros tapetes em que pode-se desenvolver e manter tranquilamente velocidades acima de 120Km/h. Além das estradas Argentinas serem muito boas o trânsito de veículos entre as cidades é muito pequeno reduzindo as ultrapassagens a um número muito pequeno. Se por um lado a viagem é bastante calma com estas características, por outro, pode complicar bastante o socorro em caso de algum problema mecânico no veículo já que são poucos os carros neste trecho.

O fato de andarmos sempre em estradas ótimas na Argentina e Chile nos deixou mal acostumados pois quando retornamos ao Brasil mudamos nosso conceito quanto à estradas que antes achávamos boas. O que se percebe é que já estamos acostumados no Brasil a transitar em estradas esburacadas e irregulares (asfalto deformado) e já achamos isto tão normal que não estranhamos mais. Uma situação bastante normal na Argentina e Chile é a utilização dos postos de pesagem de caminhões, condição esta que está descartada no Brasil há muitos anos. Talvez um dos motivos do mau estado de conservação de nossas rodovias seja o peso excessivo nas cargas transportadas por nossos caminhões.

Animais na pista: Na Argentina, e alguns lugares do Chile, todo cuidado é pouco pois é com grande freqüência que existem animais em cima da pista, sejam jegues, cavalos, vacas, ovelhas, cabritos, llamas, guanacos, vicunhas, ...., e borboletas, muitas borboletas.

Pedágios: nos quase 7.000Km rodados em nossa viagem passamos por alguns pedágios na Argentina, não mais do que 7 postos (no Chile não vimos pedágios) e nestes postos as tarifas nunca passaram de $ 2,50, algo como R$ 1,55.

Polícia em Pampa de Los Guanacos: Na localidade de Pampa dos Guanacos tivemos o primeiro contato com o que poderia chamar-se de um policial corrupto. Digo isto pois segundo o Guia "O Viajante" a região do Chaco Argentino é conhecida por ter guardas corruptos. O que vimos, de fato, foi um policial "no meio do nada", abandonado em um posto policial no pior trecho da estrada (Ruta 16), justamente onde ela é de terra. Imaginem, um posto policial longe da civilização, a um calor de quase 40graus e no meio da poeira levantada pelos carros que ali transitam.
Nesta "abordagem policial" não fomos questionados sobre documentação, cambão, carta verde, triângulo, kit de primeiros socorros, nem dada. Nossa preocupação quando nos preparávamos para a viagem era: se os policiais são corruptos em alguns lugares, como descobriremos quem são os corruptos e quem são os honestos ? Qual o risco de tentarmos corromper um policial honesto ?
Felizmente nossa preocupação não se concretizou, nas primeiras 5 ou 6 palavras com o policial logo saiu um pedido "una plata para a cidra". Pudera, estávamos no dia de Natal, ele abandonado no meio do nada, resolveu arriscar e garantir o dia.
Como estávamos preparados para esta situação estávamos com os carros bem "recheados" de "brindes" para os policiais, camisetas, bonés, ... Entregamos uma camiseta e um boné para ele e logo fomos liberados para seguir viagem.
Neste mesmo posto policial, quando estávamos voltando de nossa viagem já em direção ao Brasil nos demos conta que passamos do posto a mais de 80Km/h e levantamos a maior poeira no posto policial. Só vimos o posto quando já havíamos passado por ele pois estávamos todos embalados e dispostos a vencer logo os 865Km que fizemos neste dia.


Mais adiante, e bem mais mesmo (540Km depois de Saenz Pena) entramos na Ruta 34, estrada que vem de San Miguel de Tucuman, maior cidade do Norte Argentino. Na Ruta 34 o asfalto é novo e a pista duplicada. Este trecho nos deu um pouco de alegria novamente visto que o trecho entre Joaquim V. Gonzalez e a Ruta 34 (trecho de uns 50Km) estava bem ruim, quase pior do que o trecho do Chaco Argentino.



Após nossa saída de Saenz Pena pode-se dizer que a única cidadezinha no caminho foi a de Joaquim V. Gonzalez que tinha um pequeno mercado, um "restaurante" com parrilla, dois postos de combustível, enfim, uma localidade com cara de cidade.

Ao entrar na Ruta 34 já pode-se ver ao fundo os primeiros sinais da Cordilheira dos Andes. A altitude também começou a aumentar à medida quem que nos aproximávamos de Salta. Salta fica a aproximadamente 1.200mts. acima do nível do mar.

Chegamos em Salta às 17:15hrs. Pensamos em aproveitar neste momento e conhecer o teleférico que existe na cidade mas por ser feriado estava fechado. Ao lado da estação do teleférico havia uma grande quantidade de pessoas curtindo o feriado de Natal. Era a Plaza San Martin o ponto de encontro deles. Nesta praça existe um lago com pedalinhos, muitos carrinhos de comida (frutas, cachorro quente, ...), enfim uma verdadeira muvuca. Podia-se ver de tudo ali.


Após percorrermos alguns Hotéis buscando algum com preço adequado acabamos ficando no Hotel Crillon, a 1,5 quadra da Plaza 9 de Julio. Existem vários hotéis em Salta, para todos os tipos de bolso. Salta é a capital da província (estado) de Salta e tem mais de 400.000 habitantes. A Plaza 9 de Julio é muito bonita, talvez um dos lugares mais aconchegantes de toda a viagem. Jantamos em uma pizzaria que fica no calçadão da Plaza 9 de Julio (Restaurante El Palácio - recomendamos). A partir deste dia nos encantamos com a cerveja argentina. As garrafas de 1 lt. eram pequenas para saciar nossa sede.

Enquanto a Pizza não chegava fomos conhecer a Catedral de Salta, a igreja mais bonita que já vimos. A impressão que se tem é que ela é toda ornamentada em ouro. O visual é realmente deslumbrante. Temos o costume de conhecer as igrejas nas cidades que conhecemos e nenhuma, nem mesmo em Buenos Aires, Montevidéu e outras cidades históricas tem uma igreja tão bonita.


Após a janta fomos caminhar nas imediações da praça e do hotel. Na Argentina é comum encontrar-se vários Cassinos em cada cidade. Em Salta não era diferente. Encontramos um argentino empurrando uma motocicleta nova (estilo Honda Bis). Perguntamos o preço dela e ele comentou custar entre $ 3.500 e $ 4.000, o que equivale a R$ 2.500,00, bem menos do que a metade do custo de uma Bis no Brasil.

Na quadra próxima à praça havia uma loja grande com roupas e outros produtos. Chamou-nos a atenção os baixos preços praticados no vestuário. Pena que não tínhamos tempo disponível para compras.


Próximo dia >>>>>

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