quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Aduana em La Quiaca (ARG) e Villazon (BOL)

22/12/09 - Este assunto merece um capítulo à parte pela forma como os fatos aconteceram.

Chegamos à Aduna às 16:50h e logo percebemos que deveriamos ter chegado mais cedo. O fluxo de ônibus entre os dois países é bastante intenso. Deduzimos que um dos motivos possa ser o Salar de Uyuni que fica na região de Potosi. Este fluxo gera filas enormes, pois a cada ônibus são mais de 40 pessoas para a Aduana.

Nos dividimos em 2 grupos: motoristas e veículos para um lado, agilizando a liberação dos veículos; e demais passageiros entraram na enorme fila da emigração. Nesta hora começara a chover, fazendo com que quem estivesse na fila tivesse de se proteger com capas de chuva.

Na liberação dos veículos apresentamos: documento dos veiculos e passaportes dos motoristas. Comentamos que éramos brasileiros à caminho de Machu Picchu e pedimos se havia outra forma dos demais passageiros fazerem os trâmites sem ter de esperar na fila e na chuva. A resposta foi negativa, dizendo que inclusive nós motoristas deveriamos passar ali depois.

Em relação à documentação dos veículos nos pediram a apólice da extensão do seguro dos veículos visto que as seguradoras não cobrem em suas apólices os sinistros ocorridos na Bolívia, Perú e Chile (fica aí um alerta para os viajantes). Dos 3 carros, 2 tinham efetuado o pagamento da extensão do seguro, mas não tinhamos conosco nem o comprovante do pagamento, nem a apólice deste ou do outro seguro. Começa aí nossa "novela".

A esta altura os demais passageiros dos veículos vieram até onde estávamos dizendo que alguém da Aduana tinha ido até o local da fila pedindo quem eram os brasileiros que estavam viajando nos 3 carros. Muito estranho. Agora havia surgido uma outra forma de fazer a emigração que não fosse fica aguardando na fila.

Na liberação dos carros começamos uma conversa dizendo que havíamos efetuado o pagamento da extensão do seguro no Brasil mas que não sabendo que era obrigatória esta comprovação não havíamos a trazido junto. A esta altura já haviam 2 policiais da Aduana nos atendendo, sendo que eles iam e voltavam, como que não dando muita atenção à nossa dificuldade. Éramos os únicos que fazíamos a Aduana de carro, os demais eram de ônibus e por isto ficamos no balcão do atendimento por aproximadamente 1 hora.

A solução dada por eles é que voltassemos algumas quadras e fizéssemos o seguro em uma corretora de seguros em La Quiaca. Insistimos dizendo que tínhamos feito o seguro, apenas não tínhamos conosco a comprovação.

A esta altura percebemos que poderiam haver segundas intenções por parte dos despachantes aduaneiros, buscando algum benefício próprio (propina). Comecei dizendo em espanhol que "nós temos boa vontade" e que "sabemos que vocês também tem". Perguntei se era possível pagar o seguro ali mesmo sem ter de ir até a seguradora. O despachante se fez de desententendido e se afastou do balcão.

Esta era a hora de arriscar. Puxei US$ 50,00 (pena não terem sido 50 pesos argentinos ou um valor menor) e coloquei-os abaixo da minha pasta em que estavam meus documentos. Apenas uma pequena face da nota ficou à mostra para que ele pudésse enxergar. Chamei-o de volta para o balcão e ele mordeu a isca (ou nós caímos na armadilha dele). Ele perguntou quanto era e completou dizendo que era necessário mais, para contemplar também seu companheiro de trabalho. Disse ele para dobrarmos o valor. Lá se foram US$ 100, mas enfim estávamos liberados para a etapa da emigração.

Atrás dos despachantes aduaneiros havia um cartaz dizendo "denuncie a corrupção dos despachantes aduaneiros", campanha esta movida pela Bolívia.

Fizemos a emigração e seguimos de carro uns 50mts para fazer a entrada (imigração na Bolívia). Ali o processo foi rápido pois o maior movimento era para sair da Bolívia.

Ao lado da Aduana havia uma passarela por onde várias pessoas (a maioria mulheres) carregavam sacos de 60Km de farinha do lado argentino para o lado boliviano. Segundo o policial da aduana boliviana o motivo é a falta de alimentos naquela região da Bolívia.



A farinha era trazida do lado argentino para o lado boliviano ...



... e carregada nos caminhões bolivianos


Duas horas depois de iniciarmos os procedimentos aduaneiros seguimos nossa viagem. A situação vivida na Aduana da Bolívia nos deixou decepcionados e tristes, afinal a corrupção não faz parte de nosso dia-a-dia.


Pouco antes de sairmos da Aduana conversei com o paulista com uma Defender que diz que acabou fazendo o seguro na corretora indicada em La Quiaca.

Se algum dos leitores quiser nos auxiliar pesquisando sobre o assunto "exigência de extensão de seguro na Bolívia e Peru" deixe sua contribuição para nós (que ainda teremos de passar pelo Perú) e também para outros viajantes.

7 comentários:

  1. Márcio, entramos pela Bolívia em Yacuiba e não nos pediram a extensão. Somente perguntaram se tínhamos seguro, o que foi apresentado ao despachante. Minha seguradora havia concedido a extensão, mas eu não tinha documento comprovando. Creio que o nosso parceiro não tinha também. Vai muito da "conversa" com os caras. Pelo que tu descreves foi uma situação vergonhosa de corrupção. Na saída da Bolívia, em Hito Cajón, o policial de fronteira queria que eu voltasse 85km para entregar o documento de importação do veículo em outro local. Pareceu-me uma tentativa de extorsão, mas eu fui firme, mas conversando na boa, dizendo que era a primeira vez no país, etc etc, e eles nos liberaram! Mas não é fácil não. Percebe-se que os fiscais e o povo não fazem questão de agradar os visitantes estrangeiros! Estamos acompanhando os relatos. Mando minhas saudações aos expedicionários e feliz natal!

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  2. Márcio,

    A Adelaide (navegadora de nossa viagem) pesquisou a respeito e consta no decreto supremo 25.785 (penso que seja um código de trânsito bolíviano)o seguinte:

    ARTÍCULO 4. EXENCIONES.- Quedan exentos de contratar el SOAT los siguientes vehículos

    a) Los con matrícula extranjera que ingresen provisoria o temporalmente al país, por un período máximo de 30 días.

    Ou seja, Márcio, Há isenção de obrigatoriedade do seguro para estrangeiros que se desloquem pela Bolívia por menos de 30 dias.

    Obs: SOAT: Seguro Obrigatório de Acidentes de trânsito.

    Dá uma olhada, se puderes, neste link:

    http://www.galeon.com/ivanrosales/soat.htm

    Corrupção das grossas. Acho que uma dica é sempre levarmos os códigos de trânsito destes países. Na Argentina esta tática, de apresentar o código de trânsito funcionou, ou seja, intimidou o policial corrupto.

    Esperamos ter ajudando e continuamos acompanhando a viagem. Estas situações fazem parte de futuras boas histórias.

    Feliz Natal a todos.

    Álvaro.L

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    1. Ola

      Um conhecido levou pra Argentina o Codigo de Transito deles, rubricado e assinado por uma autoridade do Consulado ou representacao consular no Brasil.

      Cada vez que era intimado a pagar algo indevido, mostrava o documento e ia embora sob pedido de desculpas...

      Pena que nao conheco ninguem nesse nivel...rsrsrsrs

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  3. Olá Márcio.
    Passamos pela mesma situação quando estivemos lá em FEV/09. Chegamos no fim do dia e pernoitamos em La Quiaca, para no dia seguinte estar lá logo cedo. Chegamos antes das 8:00h e ficamos sabendo que só abriria às 9:00h ou 9:30h, não lembro exatamente. Fizemos o mesmo, os motoristas foram para a fila dos carros e os demais para a outra.
    A fila dos carros simplesmente não andou. Quem estava à pé, passava. Vários mochileiros cruzaram. Por volta do meio dia chegou nossa vez e também pediram o seguro. Também tínhamos feito no Brasil, e mostramos o comprovante. "Esse não é válido", foi a resposta. Para evitar mais tormento, fizemos outro no despachante indicado.
    E de volta para fila, que não andou mais.
    Por volta das 16:00h demos o dia por perdido. Ninguém tinha almoçado, meu amigo estava mal do estômago e não teria como seguir viagem pela Bolívia à noite. Voltamos ao hotel, que não tinha mais vagas. Então fomos para um Hostel.
    No outro dia, logo cedo estávamos lá de novo. Colocamos os carros na "ponta", para ser os primeiros. Abordamos o agente aduaneiro uns 200 metros antes dele chegar na aduana e explicamos nossa situação. Às 11:30h finalmente entramos na Bolívia. Não pagamos propina, mas perdemos 1 da.
    Chegamos em Uyuni às 19:30h.
    Não recomendo essa fronteira para ninguém. Em uma próxima viagem, vamos alterar o roteiro se preciso.
    Abraço!
    Giovani

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    1. olá Giovani, estamos programando a viagem e no roteiro estaria exatamente essa fronteira... depois de ler esse capitulo, bateu uma duvida... apesar de os relatos de vcs serem de 2010, e nossa viagem estar programada para janeiro de 2013, bom, mesmo assim vamos pesquisar outras fronteiras, vcs tem alguma dica?? algo que não fuja muito a essa rota... valeu! Lagartixas do Asfalto - Aventura sobre duas rodas.

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  4. Meu caro, muito útil seu comentário sobre aduaneira. Mas suas intenções foram iguais às dos policiais. Você propôs benefício aos policiais em troca de privilégio. Não satisfeito você instigou o policial com uma nota de USD50,00. No Brasil você teria cometido corrupção ativa, nada moral é passiva de punição. Portanto você não é diferente deles. Como viu a placa sobre propina, deveria ter ligado no mínimo para o consulado relatando o ocorrido. São essas atitudes que desanimam as pessoas de viajarem por esses países.
    Segue meu email se quiser discutir sobre o assunto: hev4848@gmail.com

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  5. Eu estive nessa fronteira em 02/2015, mas sentido inverso ,ou seja de cheguei em Vilazon as 5:00 da tarde peguei a fila de carro da aduana as 6:00 fiquei ate as 23:00 quando fechou a aduana e ainda faltava uns 30 carros na minha frente. Fiquei tao irritado com isso que resolvi sair por Corumba,Nao aconselho a sair por esta fronteira \\\\\\\\\\eh uma fila enorme de carro.voce vai perder um diA INTEIRO.

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